quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Non Duality, Capitulo II

Capítulo II

O mundo Material


Como vimos no Capitulo I, a raiz do nosso pensamento, que implica nossa forma de ver e entender o mundo, está diretamente ligada ao pensamento filosófico grego, e nos ensina que estamos imersos em um mundo material, concreto, pré-existente ou Criado por Deus, onde nós surgimos, ou através da criação divina a partir de Adão e Eva ou através da evolução das espécies a depender da fonte que escolhemos, a Religião ou a Ciência, Deus ou Darwin.
A ciência moderna, e aqui chamamos de moderna a ciência pós Albert Einstein, pois as descobertas desse gênio do século 20 e seus contemporâneos mudaram radicalmente a ciência, virando de ponta cabeça os conceitos mais sólidos do pensamento cientifico até então, destruindo os conceitos de Tempo, Espaço e Matéria que tinhamos como imutáveis.
A física quântica, principal legado da Fisica Moderna, nos legou uma visão do mundo material muito mais próxima das verdades do Taoismo e do Zen Budismo do que das leis de Newton e Descartes.
Neste capítulo II, vamos aprofundar essas questões relativas ao Mundo material, a maior parte do tempo usando uma linguagem coloquial para torná-la acessível a todos e não apenas aos amantes da física e da matemática, mesmo correndo o risco da perda de precisão. Antes porém, precisamos fazer uma breve reflexão sobre as definições do ato de conhecer.
Não há como provar que a mente humana possa conhecer algo que não lhe chegue através de pelo menos um dos nossos 5 sentidos.
O ato de conhecer o mundo exterior, ou fenomênico, se dá através de três etapas:
O contato – quando um dos sentidos recebe um in-put do meio externo;
A compreensão – um pensamento que busca associar a percepção a algo já conhecido;
O armazenamento – um registro na memória sobre aquilo que foi percebido.
Nada é armazenado sem esse crivo prévio da mente que visa associar a nova percepção a algo já conhecido afim de arquivar o novo objeto numa categoria similar a outras já armazenadas. Esse processo acelera a percepção da mente, mas em contrapartida impede que “vejamos” as coisas diretamente, mas sim através de um “filtro” que nos impede de realmente ver as coisas como elas realmente são.
Um fator muito importante no ato de “conhecer” é a atenção. Nossa mente é bombardeada diáriamente por milhões de “in-puts” sensoriais, mas apenas uma pequena parte deles será registrado na nossa memória como “conhecimento”: Somente aqueles para os quais dirigimos nossa atenção.
Desse modo, tudo o que conhecemos do mundo à nossa volta, próximo ou distante, nos chega através dos nossos sentidos e registramos na memória uma pequena parte, selecionada pela aenção.
Então, vamos analisar os processos de apreensão do mundo de que dispomos:






A Visão


A visão é sem dúvida o mais poderoso dos nossos sentidos.
Nossos olhos recebem ondas eletromagnéticas das mais diferentes frequências, desde as baixas (infra-vermelhas) até as altíssimas (ultra violetas) mas, só consegue ”ler”, ou seja, só é sensivel ao espectro visivel, do vermelho ( 3,84 1014 Hz) ao violeta (7,7 1014 Hz).
Isso é tudo que nos chega do ambiente externo, vibrações eletromagnéticas: nosso ôlho recebe e concentra os raios luminosos em um feixe e o projeta no nervo ótico, que coleta e encaminha até o grupo de neurônios encarregados da “visão”. Sua mente, então, literalmente “constrói” a imagem daquilo que esta à sua frente, e ainda “calcula” a distancia e o tamanho da coisa em si.
Suponha então que você está vendo uma pessoa.
Caso seus olhos não fossem sensíveis ao espectro visivel e sim as frequencias que chamamos de raios X, seria esta a imagem que sua mente construiria pra você :
Porem, se ao invés de ver as frequencias elevadas de raio X seus olhos fossem sensíveis as frequencias baixas de Infravermelho, seria essa a imagem construida pra você:






Então, não é necessário explicar o quanto o seu mundo Real é dependente do seu instrumento de investigação e captura da “realidade”.
Se você estender essa mesma abordagem aos demais sentidos, verá que é exatamente o mesmo processo.
Audição
Seu ouvido recebe vibrações do ar (ou da água caso você esteja mergulhando). O timpano vibra em ressonacia com eles, junto com os pequenos ossos auditivos martelo e bigorna, e juntos enviam essas vibrações ao nervo auditivo, este aos neurônios que produzem pra você, som, ruido, musica, ou que quer que seja.
Da até pra enganar o cérebro: o som de um tambor ou da voz humana poderá estar vindo do próprio ou de uma gravação em disco, mas como a vibração é a mesma sua mente lhe informará que está ouvindo o som de um tambor ou uma voz.
Aqui mais uma vez fica claro que tudo que lhe chega são vibrações do ar num range de frequencia entre 20 e 20.000 hz, pois fora dessa faixa seus ouvidos não conseguem vibrar junto e os ignoram. Sua mente faz a leitura e lhe entrega como resultado os “sons.”
Paladar e olfato despensam maiores explicações.
São analizadores de partículas, moléculas para as quais são sensíveis. A partir delas lhe produzem odores e sabores os mais variados.
São tambem suscetíveis a enganos.
Os fabricantes de bebidas e comidas processadas já se especializaram em “imitar” o sabor e o odor de frutas, legumes, carnes, etc...
O tato é talvez sentido mais dificil de admitirmos que pode ser enganado.
Afinal, quando esta na sua frente uma rocha sólida e você tenta atravessar, seu tato lhe mostrará que ali está uma barreira intranspovível ! Então não há como dizer que podemos estar sendo “enganados pelos nossos sentidos” Não é isso mesmo ?
- Errado
Há sim, e vamos demonstrar como e porque.




O indice de vazios da matéria sólida



Desde ou primórdios da tempos, o homem investiga a natureza da matéria sólida. Afinal, do que são feitas as coisas que chamamos matéria?
Os primeiros alquimistas deduziram que tudo que existia era feito de quatro elementos básicos, terra, água, fogo e ar, ou elementos básicos que misturados em diversas proporções formavam tudo o que existe. Muito embora Leucipo de Mileto e Demócrito já houvessem enunciado no século IV A.C. que a matéria era composta por pequenas esferas chamadas átomos, ninguém deu muita bola pra eles.
Precisaram muitos séculos para que essa visão fosse retomada, sistematizada pela primeira vez por John Dalton, que afirmava que todas as coisas era feitas de pequenas partículas indivisíveis que respondiam pela diversidade de tudo que existe. Dalton manteve o nome grego : àtomos.
O primeito modelo idealizava os átomos compostos de um núcleo sólido e muito compacto foi apenas mais tarde que Joseph Thompson descobriu várias particulas de carga eletrica negativa girando em voltado núcle as quais chamou de elétrons.
O aprofundamento dessa teoria levou aos modelos de átomos com diferentes pêsos e com diversos números de eletrons que justificavam as diferenças entre os diversos tipos de materiais existentes: sólidos, liquidos, gases, cristalinos, amorfos, etc...
Hoje sabemos que os eletrons na verdade não giram, eles tendem a ocorrer em algum ponto da órbita de forma aleatória sendo impossivel determinar sua posição num dado instante.
Foi somente em finais do século 19 com o advento dos microscópios eletronicos e a construção dos aceleradores de partículas que a composição dos átmos foi gradualmente detalhada, trabalho que1 está em curso até hoje.
No inicio eram apenas Prótons e Neutros no núcleo e elétrons na cabeleira. Hoje já são mais de 400 partículas sub-atômicas descobertas em colisões forçadas nos aceleradores de partículas.
Sabemos que os protons, neutrons e outras partículas do núcleo não estão parados, mas em frenético movimento e guardam entre si uma certa distância.
Sabemos que, se ampliassemos um nucleo atômico até que este tivesse o tamanho do noso sol, os eletrons estariam nas posições em que estão os planetas do sistema solar , mas seriam bem menores que eles. Ou seja, um átomo é formado por muito mais “vazios” do que “cheios”.
Caso suprimíssemos todos os espaços vazios de todos os átomos que compõem um ser humano juntando tudo numa massa compacta com a densidade de um nucleo atômico, toda a humanidade, isso mesmo, todos os 7 bilhões de pessoas caberiam num dedal, daqueles que as vovós do século passado usavam para proteger os dedos na hora de costurar! Cerca de 1 cm3
Assim é a pretensa “solidez” da matéria !!!
No seu livro intitulado “O Tao da Física”(2) de autoria do fisíco de origem indiana Fritjof Capra, este propôs um interessante experimento teórico para testar a “realidade” como nós a concebemos.
O experimento propõe que você encolha até a dimensão de um núcleo de hidrogênio mantendo porém seus sentidos e capacidades cerebrais, e então saisse “andando” por aí.
Como seria o munto visto e sentido por você?
Bem, o que você veria seria algo parecido com a imagem abaixo:


Você poderia então atravessar paredes, portas, janelas, nada seria “sólido” para seu minusculo corpo.
Na verdade sua visão do mundo seria muito parecida com a de uma nave espacial viajando por nossa galáxia, cruzando imensos espaços vazios pontilhados por estrelas e planetas, que no seu caso seriam núcleos atómicos, elétrons, quarks, fótons, e outras partículas sub-atômicas.
Onde estariam então todos esses objetos que você identifica agora quando no seu tamanho normal?
Essa experiência é por si só suficiente para comprovar que as “coisas” as quais nós atribuimos uma existência autônoma e independente, na verdade só existem assim como as concebemos porque nós estamos aqui e temos essa dimensão e dispomos desses sentidos e dessa mente que os produz para nós a partir dos inputs sensoriais que recebe: Elas são como são porque nós somos como somos.
Como explicar que uma realidade tão concreta e autônoma deixe de existir simplesmente porque você encolheu?
Uma pergunta deve surgir na mente de todos sobre essa natureza tão “vazia” que acabamos de descrever:
  • Se é assim porque então nossas mãos não atravessam paredes? Porque os corpos físicos não se interpenetram revogando a lei da física que atesta que “dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço”.
    Bem, essa questão perdurou até bem pouco tempo sem solução até que os cientistas da física moderna encontraram a resposta.
  • O movimento acelerado das núvens de elétrons em torno do núcleo atômico gera um campo magnético de tal intensidade que funciona como uma espécie de “campo de força” eletroutmagnético que impede a interpenetração. Mas não é absolutamente por falta de espaços vazios. Partículas aceleradas podem passar por esse campo de força com relativa facilidade. Aliás é o que acontece quando temos um vazamento numa usina atõmica: os milhões de partículas que vazam atravessam nossos corpos destruindo células dos nossos
corpos produzindo doenças como o câncer por exemplo.
O procedimento de raios X e gama que nós utilizamos com frequencia para investigar o interior dos nossos corpos ou de estruturas de concreto são um bom exemplo disso!
O feixe de raios X atravessa toda a extensão do corpo humano indo impressinar um filme colocado na outra extremidade. Ocorre alguma atenuação causada pela absorção de parte das partículas pelos tecidos mais densos do corpo como ossos por exemplo gerando uma imagem que nos é bastante familiar.
Então podemos verificar que a existencia de um mundo concreto, pré-existente e autônomo independente do observador, não faz parte da nossa experiência real!
A única parte real são vibrações eletromagnéticas, ondas de choque no ar, ondas de calor, partículas e campo de força magnético que nossos sentidos captam e nosso cérebro transforma em Imagens, Sons, Odores, Sabores e Resistencia- Textura-Temperatura.
Numa síntese de tudo isso, podemos dizer sem mêdo de errar que nosso mundo externo, Real, é na verdade construido por nós, para nós pela nossa mente.
Mas porque a surpresa? Emmanuel Kant já havia declarado no seu livro “A Crítica da Razão Pura” em 1781: “ Não há como provar a existência de nada fora da mente humana”. Poucos entenderam.
No capítulo III a seguir vamos falar sobre o Espaço e o Tempo sob a ótica da Não-Dualidade.
Não ficará pedra sobre pedra !



1The Tao of Physics, 1975 California, Editora Capra

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

A CIENCIA DA NÃO-DUALIDADE

(Non-Duality Sciency)




Cap 01 – A Filosofia e a vida diária



Na nossa vida diária, temos o hábito de desconsiderar as raízes históricas do nosso modo de pensar e ver o mundo, bem como ignoramos a influência que a corrente filosofica prevalescente na nossa cultura tem na nossa vida do dia a dia, na nossa forma de ver e entender o mundo.
Assim, nos referimos frequentemente a pessoas que estão em estado meditativo, ou que trazem argumentos éticos na análise de uma situação problema com comentários jocosos do tipo: “Ele está filosofando!”... Como um pré-julgamento da análise filosófica como mera “perda de tempo” ou, no mínimo de falta de objetividade.
Desconhecemos, ou fingimos desconhecer, que muitas das nossas “verdades”, e causas da nossa forma de ver o mundo estão profundamente enraizadas na filosofia ou sistema filosófico na qual estamos imersos, no nosso caso, ocidentais, desde os tempos da Sparta e Atenas, das raízes da cultura e do pensamento gregos e de seus herdeiros.
Portanto, esteja ciente de que, o pensamento de Parmênides, Sócrates, Platão, Aristóteles, Descartes, Emmanuel Kant e Hegel, mesmo que você jamais tenha ouvido falar de qualquer um deles, tem muito mais a ver com a sua visão do mundo, suas crenças e valores do que as lições de moral de sua professora de religião ou dos sermões do seus pais e avós.
Quando eu tinha cerca de 4 anos de idade, um tio meu que morava na casa da minha avó onde tambem morávamos eu e minha mãe, tinha o hábito de me mandar procurar por ele em outro local diferente daquele onde estávamos.
  • Airton, vai até o quintal e vê se eu estou lá !
  • Eu ia, verificava e depois voltava com a resposta: - Não tá não tio Newton !
Crianças na primeira infância não tem o senso de localidade espacial que todos nós pensamos ser natural, intuitiva, dessas coisas “que a gente já nasce sabendo”.
Noções ainda mais básicas, que a maioria de nós, não filósofos, achamos que são conhecimentos Pré-existentes na mente humana, são na verdade comportamentos “aprendidos” e tem sua origem na filosofia praticada no meio social onde vivemos.
Um dos exemplos ainda mais surpreendentes é a noção da identidade do “Ser”, proposta pelo filósofo grego pré-Socrático, Parmênides, há mais de dois mil e quinhentos anos atras, conhecido como “Principio da não contradição”..
O que esta ali proposto é que se A = A então A não pode ser igual a B, ou seja algo não pode ser ao mesmo tempo Igual e Diferente, Verdadeiro e Falso.
As consequencias dessa postulações trazem um profundo impacto no nosso modo de pensar e ver o mundo, que nos passa despercebido por fazerem parte do nosso paradigma interno, no nosso modo de pensar.
A consequencia imediata é que se eu sou “A”, tudo o mais alem de mim é “Não-A”, e mais adiante torna imprescindível determinar os limites do que eu chamo de “A”, de “Eu”, “Self”, ou qualquer nome que se queira dar, para determinar o que é “Não-A”.
Tudo parece óbvio se focarmos no mundo macroscópico: Se eu estou nessa sala, onde há tambem uma mesa e várias cadeiras, cuja presença eu detecto através dos meus sentidos (visão, tato, olfato, audição e paladar) é claro que esses objetos não são Eu, são portanto todos “Não-Eu.”
Se descermos porem há um nível mais sutil, começamos a enfrentar alguns problemas inesperados.
Uma molécula de O2 do ar que está na sala, que tambem pertence à categoria de “Não-Eu” num determinado instante, poderá ser inalado por nós, indo parar num primeiro momento em nossos pulmões e num segundo momento já estará fazendo parte de nossas células queimando o combustível que nos alimenta e gera a energia que nos mantém vivos.
Nesse momento aquelas moléculas de O2 que estavam na sala e óbviamente eram estranhos a nosso EU, sendo portanto “Não-Eu” agora fazem parte do nosso organismo, e são portando “Eu”. Num terceiro instantes, combinados com um átomo de carbono, se transformarão em CO2 e serão expelidos por nós de volta ao ar ambiente da sala voltando a pertencer a categoria de “Não-Eu” !!
Então, nossa verdade científica parece querer balançar em suas bases.
Diante dessa constatação teremos, no mínimo, que nos entender como um processo, uma troca permanente de massa com o ambiente em que vivemos.
A coisa fica ainda mais confusa quando descobrimos que todas as células do nosso corpo são totalmente substituidas num intervado de tempos de aproximadamente 3 meses !!!
Povos que se desenvolveram à margem do pensamento filosófico grego, tem diferentes visões do mundo que não incluem essas “verdades” filosóficas ocidentais.
Existem tribos insulares no pacífico onde é comum as pessoas acreditarem que alguém pode estar em vários lugares ao mesmo tempo, bem como acreditam que algumas pessoas tem o poder de se transmutar, alterando a forma de seus corpos para se apresentarem, hora com forma humana, hora como um porco ou um cavalo.
Embora postulações como essas pareçam ridículas para um adulto “iniciado” na filosofia ocidental, serão perfeitamente críveis para uma criança na primeira infância, o que prova que esses são conhecimentos adquiridos e não “verdades Inatas,” que já vem gravadas em nosso cortéx celebral , uma espécie de conhecimento instintivo “a priori”, como costumamos acreditar.
O pensamento Grego, cuja ordenação filosófica deu origem a todo nosso sistema de pensamento no mundo ocidental nem sempre foi como é hoje, da forma que se transmitiu aos filósofos modernos, como Carl Marx, Bertrand Russel, Jean-Paul Sartre, Nietzsche, dentre outros.
Desde os primeiros pensadores pré socráticos até Platão, o pensamento Grego era essencialmente monista. Não havia uma clara divisão entre Ciencia e Religião, entre coisas mundanas e espirituais muito menos entre matéria e espírito.
Parmênides, um dos principais pensadores pré socráticos postulou no seu poema épico intitulado “Sobre a Natureza e sua impermanência” o seguinte:


- Unidade e a imobilidade do Ser;
- O mundo sensível é uma ilusão;
  • O Ser é uno, eterno, não-gerado e imutável;
  • Não se confia no que vê, tudo que vemos é pura ilusão.






PLATÃO

Platão, foi o último dos filósofos gregos a manter a unidade da existência sem fazer separação entre corpo e mente, materia e espirito.
Platão postulava a existência de dois mundos, o mundo perfeito ou mundo das ideias e o mundo sensível, imperfeito, que seria uma cópia grosseira, uma projeção do mundo perfeito, sendo este ultimo o mundo em que vivemos, impermanente e em constante mutação, por isso mesmo irreal.
Já o mundo das Idéias, seria atemporal, permanente, perfeito e imutável, e por isso mesmo Real.
Lá no mundo perfeito ou da Idéias é onde habita nossa verdadeira essencia, nosso SER, enquanto no mundo imperfeito está nossa sombra, nosso reflexo, imperfeito, temporal e em constante mudança.
Platão escreveu o famoso Mito da Caverna (1), para explicar como é a relação de quem vive no mundo imperfeito em relação ao que seria viver no mundo perfeito.
Foi apenas depois de Platão que o pensamento filosófico Grego separou espirito e matéria, corpo e mente e alma deixando esta última para os religiosos e as demais para a ciência.
Essa cisão entre espirito e matéria por menos importante que pareça teve impactos tremendos em nossa cultura, nosso modo de viver e de ver o mundo, pois foi a partir desse ponto que passamos a crer e praticar o Dualismo. Foi a partir desse ponto que passamos a acreditar e praticar a “verdade” sobre nossa existência na ótica dualista.
A consequencia mais imediata do pensamento dualista esta na consideração da existencia prévia do mundo material pré-existente, e nossa presença existindo dentro desse mundo como algo separado e totalmente à parte.
Num contexto evolucionário, poderíamos começar do Big-Bang (que é a teoria mais aceita atualmente para a origem do universo), evoluindo para a formação de estrelas e sistemas planetários, daí para o surgimento de vida elementar, micro-organismos, vegetais superiores, animais, evolução do cérebro animal, surgimento da Mente e culminando com o Homo Sapien e sua poderosa mente, tudo isso de forma absolutamente casual e aleatória.
Em paralelo com essa evolução do pensamento ocidental o mundo oriental se desenvolvia com suas culturas seculares, seus filósofos, seus sistemas de pensamento totalmente apartados do pensamento ocidental já que o isolamento geográfico dos dois mundos Oriental e Ocidental só começou a ser quebrado em 1225 pelas viagens de Marco Polo, que cruzou o Himalai e chegou a China retornando a Veneza com novidades fantásticas como a Pólvora, o Arco composto Mongol e outras maravilhosas descobertas dos povos orientais, em particular os Chineses, numa jornada de 24 anos, iniciando assim um longo processo de troca de ideias entre as duas correntes de pensamento que se acelera cada vez mais no mundo globalizado de hoje!
Do lado oriental a cisão corpo x mente, ou matéria espirito nunca ocorreu! Os pensadores, filósofos orientais jamais separaram religião de ciência, e nunca adotaram o pensamento dualista para explicar o Ser, a vida e nossa relação com o mundo.
A síntese do pensamento oriental está exposta no livro sagrado do Induismo, o Bagavad Gita, escrito em forma de um diálogo entre Krishna (uma reencarnação do deus Vixnu) e seu discípulo, o guerreiro Arjuna, em pleno campo de batalha. Sua primeira publicação teria sido no século IV antes de Cristo.
Se fosse possível sintetizar o pensamento oriental, particularmente o Indiano em poucas palavras, diriamos que a filosofia indiana afirma que você não é o seu corpo nem sua mente, essa é uma condição transitória em que você se manifesta para vivenciar, aprender e evoluir, em ciclos contínuos até que alcance um grau de desenvolvimento que lhe permita atingir o Nirvana, ou Satori na tradição Zen, ou Iluminação na tradição Budista, a mente suprema, iluminada que alcançou ou foi alcançada pela Verdade última. Qualquer semelhança com o pensamento de Platão não é mera coincidência!


Consequências práticas do Pensamento Dualista




O pensamento ocidental enraizado na filosofia Grega propiciou um enorme desenvolvimento científico e um crescimento econômico notável ao longo dos 3000 anos de cultura ocidental.
A ciencia ocidental produziu automóveis, aviões, levou o homem à lua, produziu os computadores e a internet, mas não foi capaz de distribuir minimamente essas riquezas, extinguir a miséria e a fome mesmo nos países desenvolvidos, onde ainda se encontram bolsões de pobreza, pessoas sem casa para morar e outras mazelas.
O desenvolvimento científico que nos deu tantos confortos, como os antibióticos, os analgésicos, os transplantes de coração e outros avanços na medicina tambem produziu as bombas atômicas que dizimaram milhares de pessoas em Hiroshima e Nagasaki.
Apesar do desarmamento levado a cabo por USA e Russia nas décadas de 80 e 90 , ainda existem nos arsenais de ambos estoques de bombas atõmicas suficiente para destruir o planeta umas 10 vezes. Alem do que, vários outros países já possuem hoje tecnologia suficiente para em poucos meses produzir suas próprias bombas atómicas, como é o caso de Paquistão, Coréia do Norte, India e Iraq.
Desde o inicio da história da civilização ocidental não se passou um único dia em que não tivessemos no mundo pelo menos uma guerra em curso! Agora mesmo, enquanto você lê esse texto, devem estar ocorrendo umas 5 guerras pelo mundo afora.
Nem todas estão nos noticiários, como as guerras civis de pequenos países africanos que produzem milhões de exilados em seus próprios países vivendo em acampamentos que são verdadeiros campos de concentração.
Pessoas se matando em nome de territórios, de etnias, de regimes políticos, de poder, de deuses e de outras tolices.
Mas a consequencia mais danosa e perigosa no pensamento Dualista não são as guerras, é a destruição do planeta pela via da poluição do ar e da água que ameaça a sobrevivencia da nossa espécie num horizonte bem mais curto do que se imagina.





APENDICE I

O mito da caverna de Platão



A narrativa expressa dramaticamente a imagem de prisioneiros que desde o nascimento são acorrentados no interior de uma caverna de modo que olhem somente para uma parede iluminada por uma fogueira. Essa, ilumina um palco onde estátuas dos seres como homem, planta, animais etc. são manipuladas, como que representando o cotidiano desses seres. No entanto, as sombras das estátuas são projetadas na parede, sendo a única imagem que aqueles prisioneiros conseguem enxergar. Com o correr do tempo, os homens dão nomes a essas sombras (tal como nós damos às coisas) e também à regularidade de aparições destas. Os prisioneiros fazem, inclusive, torneios para se gabarem, se vangloriarem a quem acertar as corretas denominações e regularidades.
Imaginemos agora que um destes prisioneiros é forçado a sair das amarras e vasculhar o interior da caverna. Ele veria que o que permitia a visão era a fogueira e que na verdade, os seres reais eram as estátuas e não as sombras. Perceberia que passou a vida inteira julgando apenas sombras e ilusões, desconhecendo a verdade, isto é, estando afastado da verdadeira realidade. Mas imaginemos ainda que esse mesmo prisioneiro fosse arrastado para fora da caverna. Ao sair, a luz do sol ofuscaria sua visão imediatamente e só depois de muito habituar-se com a nova realidade, poderia voltar a enxergar as maravilhas dos seres fora da caverna. Não demoraria a perceber que aqueles seres tinham mais qualidades do que as sombras e as estátuas, sendo, portanto, mais reais. Significa dizer que ele poderia contemplar a verdadeira realidade, os seres como são em si mesmos. Não teria dificuldades em perceber que o Sol é a fonte da luz que o faz ver o real, bem como é desta fonte que provém toda existência (os ciclos de nascimento, do tempo, o calor que aquece etc.).
Maravilhado com esse novo mundo e com o conhecimento que então passara a ter da realidade, esse ex-prisioneiro lembrar-se-ia de seus antigos amigos no interior da caverna e da vida que lá levavam. Imediatamente, sentiria pena deles, da escuridão em que estavam envoltos e desceria à caverna para lhes contar o novo mundo que descobriu. No entanto, como os ainda prisioneiros não conseguem vislumbrar senão a realidade que presenciam, vão debochar do seu colega liberto, dizendo-lhe que está louco e que se não parasse com suas maluquices acabariam por matá-lo.



quinta-feira, 27 de junho de 2013

Esse é o Blog de Airton Ferreira Viegas
Aqui vamos falar de "Non Duality"....O caminho para o auto conhecimento!


Visão tradicional do Mundo versus Non Duality

Tradicional- Dualismo

Primeiro veio a Matéria, começando com o Big Bang
A matéria evoluiu gerando a vida
A vida evoluiu gerando a Mente
A mente evoluiu para a Auto-consciência
Nós seres humanos vivemos no mundo e temos consciência dele e de nossa existência nele

Non Duality

Primeiro existe a Pura Consciência. Não vamos dizer que "sempre existiu", porque "sempre" pressupõe a idéia de "tempo", que como veremos adiante é apenas uma idéia.

A Pura Consciência se objetiva na forma de Consciência
A consciência se objetiva na forma da Mente
A Mente cria o Espaço-Tempo relativo, que se apresenta hora como "espaço" ora como "matéria"
Nós seres humanos enquanto "pessoas" somos apenas um conjunto de idéias, pensamentos, desejos e mêdos que habitam a mente.